A ética com seu límpido esplendor,
Ilumina a feiura de nossas atitudes corriqueiras,
O troco roubado,
Os banheiros públicos danificados.
A ética se constrange,
Ao ver traseiros confortavelmente acomodados,
Em ônibus e trens lotados,
Zombando da ociosidade dos anciões,
Carregados de ossos frágeis,
Artrites,
Artroses,
E dos anos overdose,
Que se equilibram no sacolejo,
Dessas mentes dormentes.
A ética se entristece,
Ao ver a mulher que irá parir,
Um ser que por vingança,
Será espelho dos seres,
Que observa através da tênue pele.
A velha senhora ética,
Com seus cabelos nevoados,
E seu olhar agudo,
Estranhará a minimização de gestos de cordialidade,
E provavelmente pensará na infantilidade dos humanos,
Que de uma atitude sábia,
Menos é mais,
Escasseiam o que não lhes sobrepujariam a caminhada,
O “bom dia”,
A “boa tarde”,
O “como vai”.
Escasseiam o pensamento aguçado,
Isentando o intelecto de ser provocado.
A ética incomoda-se com a ideia,
De tornar-se apenas uma definição pálida,
Nos aplicativos de busca,
Ou pior, que nada conste na pesquisa,
Pela não utilização desse verbete.
*Poesia publicada no livro XII CLIPP (Concurso literário de Presidente Prudente Ruth Campos - 2018)
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